As duas últimas semanas foram marcadas pela Cimeira de Copenhaga, também conhecida como Cimeira do Clima, contando com a presença de 192 países. Inicialmente pensou-se que nesta Cimeira se iria chegar a um acordo que substituísse o Protocolo de Quioto. No entanto e apesar de no momento em que escrevo este artigo não ter ainda terminado a Cimeira, muito dificilmente chegarão a acordo. Posto isto, esta Cimeira não passará de mais um show mediático, no qual se gastaram milhões, sendo ainda responsável por uma pegada ecológica de elevada grandeza, com as deslocações dos vários responsáveis do mundo inteiro.Com uma organização que considero medíocre e que foi alvo de bastantes críticas, a Cimeira recebeu registos do dobro de participantes que poderia acolher, levando a que muitos ficassem de fora e outros que aguardaram mais de dez horas para entrar.
O objectivo é encontrar um acordo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Actualmente, as emissões mundiais situam-se nas 47 mil milhões de toneladas por ano. Tal como se esperava, o fosso económico e os esforços ambientais das diferentes nações ameaçaram o acordo global. Vários especialistas dizem que é tarde para evitar os mais graves efeitos das mudanças climáticas. Os alertas têm-se intensificado. Um dos últimos, no lago de Copenhaga, mostrava bonecos a afogarem-se. O objectivo era dizer aos líderes mundiais que não comprometam o futuro de milhões de crianças que podem vir a ser as grandes vítimas do aquecimento global.
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, sublinhou durante o Segmento de Alto Nível da Cimeira que "Precisamos de um acordo vinculativo: não temos mais anos", pois a "natureza não negoceia". Terminou a sua intervenção rematando "O nosso futuro começa hoje. Aqui, em Copenhaga". Na mesma linha deste discurso estiveram as intervenções de Lars Rasmussen, primeiro-ministro dinamarquês, Connie Hegehaard, presidente da Cimeira, Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês) e Wangari Maathai, Prémio Nobel da Paz de 2004. Yvo de Boer: "Deixem que o mundo recorde Copenhaga como o local onde as intenções passaram a boas decisões". Connie Hedegaard: "Nos próximos 3 dias podemos escolher entre a fama e a vergonha" "Vamos fazê-lo".
A Cimeira fica ainda marcada por um escândalo. Um "rascunho secreto" do acordo final de Copenhaga revelava que os países ricos têm um plano para afastar-se dos compromissos adoptados no Protocolo de Quioto (o único acordo vinculativo até à data) e reduzir o papel das Nações Unidas nas negociações sobre alterações climáticas. O chamado "texto dinamarquês", a designação usada pelo jornal britânico "The Guardian", aumenta os poderes das principais potências mundiais e condiciona a ajuda para os países em desenvolvimento a uma série de compromissos. Segundo o mesmo documento, às populações dos países mais ricos vai ser permitido emitir mais gases, quase o dobro do que era previsto, com o limite a ser estabelecido nas 2,65 toneladas. Já os países em desenvolvimento apenas poderão emitir 1,44 toneladas. A proposta passa ainda pela criação de uma nova categoria entre os países mais pobres, denominados "os mais vulneráveis".
Supondo que não se chega a nenhum acordo ficamos na expectativa por uma nova Cimeira que substitua o Protocolo de Quioto.
Para terminar queria apenas desejar um Santo Natal a todos os leitores e um Próspero Ano Novo. Eu regresso no próximo ano com mais…
SAUDAÇÕES AMBIENTAIS
Sítio recomendado – http://www.timeforclimatejustice.org/








Foi aprovada na semana passada, em Conselho de Ministros, uma proposta para alterar os valores mínimos das multas por infracções ambientais, estipulados numa lei que o próprio Governo levara ao Parlamento em 2006. Caso a Assembleia da República aceite esta proposta, os valores mínimos das multas por infracções ambientais serão reduzidos até 84 por cento.

Realizou-se no início do mês de Fevereiro uma manifestação que juntou mais de mil activistas e responsáveis de plataformas ambientais das regiões espanholas de Extremadura e Andaluzia, em Santa Olall Del Cala contra a construção da refinaria Balboa, proposta para a região de Badajoz. De acordo com o projecto de construção, a refinaria de petróleo deverá ser construída a cerca de cem quilómetros da fronteira portuguesa, uma localização que poderá ter impactes ambientais negativos não só para Espanha mas também para Portugal, segundo alertas de ambientalistas.
Está praticamente concluída a “Ecovia do Algarve”, projecto-piloto em Portugal que ligará Sagres a Vila Real de Santo António numa extensão de 214 quilómetros. Fonte da Área Metropolitana do Algarve (AMAL), organismo que coordena o projecto Ecovia, explicou que em alguns troços há apenas pequenos pormenores a resolver como é o caso dos concelhos de Lagos e Portimão onde falta "avançar com o processo de aquisição de terrenos ou expropriação".