
Com uma organização que considero medíocre e que foi alvo de bastantes críticas, a Cimeira recebeu registos do dobro de participantes que poderia acolher, levando a que muitos ficassem de fora e outros que aguardaram mais de dez horas para entrar.
O objectivo é encontrar um acordo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Actualmente, as emissões mundiais situam-se nas 47 mil milhões de toneladas por ano. Tal como se esperava, o fosso económico e os esforços ambientais das diferentes nações ameaçaram o acordo global. Vários especialistas dizem que é tarde para evitar os mais graves efeitos das mudanças climáticas. Os alertas têm-se intensificado. Um dos últimos, no lago de Copenhaga, mostrava bonecos a afogarem-se. O objectivo era dizer aos líderes mundiais que não comprometam o futuro de milhões de crianças que podem vir a ser as grandes vítimas do aquecimento global.
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, sublinhou durante o Segmento de Alto Nível da Cimeira que "Precisamos de um acordo vinculativo: não temos mais anos", pois a "natureza não negoceia". Terminou a sua intervenção rematando "O nosso futuro começa hoje. Aqui, em Copenhaga". Na mesma linha deste discurso estiveram as intervenções de Lars Rasmussen, primeiro-ministro dinamarquês, Connie Hegehaard, presidente da Cimeira, Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês) e Wangari Maathai, Prémio Nobel da Paz de 2004. Yvo de Boer: "Deixem que o mundo recorde Copenhaga como o local onde as intenções passaram a boas decisões". Connie Hedegaard: "Nos próximos 3 dias podemos escolher entre a fama e a vergonha" "Vamos fazê-lo".
A Cimeira fica ainda marcada por um escândalo. Um "rascunho secreto" do acordo final de Copenhaga revelava que os países ricos têm um plano para afastar-se dos compromissos adoptados no Protocolo de Quioto (o único acordo vinculativo até à data) e reduzir o papel das Nações Unidas nas negociações sobre alterações climáticas. O chamado "texto dinamarquês", a designação usada pelo jornal britânico "The Guardian", aumenta os poderes das principais potências mundiais e condiciona a ajuda para os países em desenvolvimento a uma série de compromissos. Segundo o mesmo documento, às populações dos países mais ricos vai ser permitido emitir mais gases, quase o dobro do que era previsto, com o limite a ser estabelecido nas 2,65 toneladas. Já os países em desenvolvimento apenas poderão emitir 1,44 toneladas. A proposta passa ainda pela criação de uma nova categoria entre os países mais pobres, denominados "os mais vulneráveis".
Supondo que não se chega a nenhum acordo ficamos na expectativa por uma nova Cimeira que substitua o Protocolo de Quioto.
Para terminar queria apenas desejar um Santo Natal a todos os leitores e um Próspero Ano Novo. Eu regresso no próximo ano com mais…
SAUDAÇÕES AMBIENTAIS
Sítio recomendado – http://www.timeforclimatejustice.org/