segunda-feira, outubro 22, 2007

NOBEL DA PAZ

Foi no passado dia 12 de Outubro que se conheceu o Prémio Nobel da Paz 2007. Desta feita o prémio foi dividido entre o antigo vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa).
O Comité norueguês justificou a atribuição do prémio “pelos esforços de recolha e difusão de conhecimentos sobre as mudanças climáticas provocadas pelo homem e por terem lançado os fundamentos para a adopção de medidas necessárias para a luta contra estas alterações”.
Al Gore, de 59 anos, que fez das alterações climáticas a sua imagem de marca desde que saiu da Casa Branca, venceu este ano o Óscar de Melhor Documentário pelo seu filme ambientalista "Uma Verdade Inconveniente".
Já num artigo anterior “Live Earth – O Balanço” me referi a Al Gore como alguém que estava no bom caminho, após a má imagem deixada enquanto vice-presidente dos americanos. Este prémio que agora recebe vem reconhecer todo o trabalho que tem feito nos últimos tempos, sempre com o objectivo de despertar as mentes mais distraídas para o problema das alterações climáticas.
Na véspera de receber o prémio foi noticiado que um juiz de um tribunal de última instância britânico identificou «nove erros científicos» no filme «Uma Verdade Inconveniente», pelo facto de haver situações que não estavam provadas cientificamente. O juiz Burton estava a analisar se o documentário sobre as alterações climáticas realizado por Al Gore – que sustenta a tese da acção humana como causa do aquecimento global – poderia ser exibido nas salas de aula. A sentença considerou o filme tendencioso, mas permitiu a sua exibição sob condição de que os professores apontem os excertos polémicos e apresentem os argumentos contrários às informações.

Quanto ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, é um grupo científico criado pelas Nações Unidas em 1988 que tem como objectivo monitorizar as alterações climáticas e analisar o conhecimento científico sobre o assunto. Em Fevereiro deste ano, o IPCC divulgou um relatório em que confirmou a extensão do aquecimento terrestre em curso e o grau de responsabilidade humana neste fenómeno.

Conforme noticiado pelo Jornal Público, esta distinção de Al Gore e do IPCC, entre 181 candidatos, é um forte recado à comunidade internacional, a poucas semanas da conferência de Bali, entre 3 e 14 de Dezembro, que deverá traçar um roteiro para novos compromissos na redução das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera até 2012, depois do fim da primeira fase do Protocolo de Quioto.
A cerimónia de entrega realiza-se em Oslo, a 10 de Dezembro, data do aniversário da morte do fundador do prémio, o filantropo sueco Alfred Nobel, que inventou a dinamite. O Prémio Nobel consiste num diploma, numa medalha de ouro e num cheque no valor de dez milhões de coroas suecas (1,08 milhões de euros).

Na passada semana, e após se terem conhecido os vencedores deste prémio, ouvi na rádio Antena3, um comentário bastante interessante relativamente a este assunto. O locutor daquela estação (do qual não me recordo o nome) referiu que gostava de ver Al Gore candidatar-se à presidência dos Estados Unidos da América, como tem sido inúmeras vezes falado, e que vencesse. Como seria o seu comportamento após a vitória? Será que continuava tão amigo do ambiente como até aqui? O que iria mudar tendo em consideração que os Estados Unidos são actualmente um dos países que mais dióxido de carbono lançam para a atmosfera e, apesar disso, ainda não ratificaram o Protocolo de Quioto? Pois é, talvez tudo mudasse. Ou talvez não… E aí o que faria o Comité que atribui o Nobel? Se calhar retirava o prémio tal como foram retiradas as medalhas, por doping, à atleta americana Marion Jones, conquistadas nos jogos olímpicos de Sydney, em 2000!
Não posso estar mais de acordo com o locutor. Como seria?

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS

Sitio recomendado – http://nobelprize.org/ - Página oficial da Fundação Nobel

segunda-feira, outubro 01, 2007

PORTUGAL SUPERA QUIOTO?

O primeiro-ministro José Sócrates afirmou na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, realizada no passado dia 24 de Setembro na Sede da ONU em Nova Iorque, que Portugal superará em 2012 as metas de limitação da poluição ambiental previstas no Protocolo de Quioto. Na perspectiva de Sócrates, em matérias como as energias renováveis, "Portugal está na linha da frente da Europa, tendo já 39 por cento da sua energia eléctrica com base renovável".
Para além disso considerou que os Estados Unidos estão a evoluir em matéria de combate às alterações climáticas. Em declarações à Agência Lusa, Sócrates manifestou-se optimista em relação ao comportamento da administração de Washington. "A resistência norte-americana a qualquer compromisso sobre metas ambientais já foi maior. Os Estados Unidos encontram-se em evolução, precisamente porque há uma liderança da UE neste domínio". Na perspectiva de Sócrates, a administração de Washington e as autoridades de muitos dos estados norte-americanos "estão progressivamente interessados em responder ao problema do aquecimento global". "Não é possível um compromisso global sobre o maior problema que se coloca à humanidade com os Estados Unidos de fora. Nos próximos tempos, haverá certamente uma grande cooperação entre a UE e muitos dos governadores dos estados norte-americanos neste domínio".
O processo da ONU face às alterações climáticas é o fórum pertinente para negociar qualquer acção futura de alcance global. Nesse contexto, a Cimeira de Bali, no fim do ano vigente, constitui um marco. Espera-se que nessa altura a comunidade internacional consiga lançar um roteiro ambicioso para as negociações com vista a um acordo global e abrangente relativo às alterações climáticas.
O primeiro-ministro afirmou que após várias manifestações, de cientistas e economistas, sobre as questões das alterações climáticas, cabe agora aos políticos agir.
Para terminar a sua intervenção refere que “se caminharmos, gradualmente, para uma economia isenta de carbono, se apostarmos em tecnologias, novas e limpas, se fomentarmos as energias renováveis, então será possível superar o desafio das alterações climáticas e, ainda, alcançar o desenvolvimento económico, fazendo-o de forma sustentável. Não creio que seja um sonho, trata-se antes de algo que está nas nossas mãos.”
Após a análise do discurso, vejo um primeiro-ministro muito optimista em relação ao futuro. Talvez não seja um sonho e se trate apenas de algo que está nas nossas mãos. O que acontece é que por vezes deixamos fugir as coisas por entre os dedos…

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS