segunda-feira, março 24, 2008

MONITORIZAÇÃO DE LIXEIRAS

Todos estão certamente recordados da mega operação de encerramento e selagem das cerca de 341 lixeiras municipais existentes em Portugal, que teve lugar em 2000, por intermédio de José Sócrates, na altura Ministro do Ambiente.

A instalação e a entrada em funcionamento de novas infra-estruturas de gestão de resíduos e a selagem e a recuperação paisagística das antigas lixeiras não significa que se tenha obtido a resolução por si só dos problemas. Por baixo destes locais permanecem toneladas de resíduos em decomposição, num processo que pode durar mais de 50 anos, continuando a produzir lixiviados (águas de escorrência) e a libertar biogás. Neste sentido, subsiste a necessidade de assegurar a vigilância dos locais, a sua monitorização do ponto de vista morfológico e ambiental, e, tanto quanto possível, a recolha e o transporte para destino adequado dos lixiviados que continuam a ser gerados, bem como a extracção do biogás produzido.

O problema é que a monitorização foi deixada ao acaso, sem que a legislação especifique quem a deve fazer, como deve ser feita e durante quanto tempo. “A legislação diz que os detentores dos resíduos, ou dos locais contaminados com resíduos, são os responsáveis pela sua gestão. Como as lixeiras eram das câmaras parece-me que a responsabilidade deve ser delas”, salienta Graça Martinho, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. A especialista em gestão de resíduos assegura ao jornal Água&Ambiente que “isto só não será assim se nos contratos de concessão estabelecidos entre as câmaras e os sistemas de gestão de resíduos estiver lá especificado que os sistemas passam a ser responsáveis pela gestão e monitorização das lixeiras herdadas das respectivas autarquias”.

Por sua vez, João Levy, presidente da Associação das Empresas Portuguesas para o Sector do Ambiente (AEPSA), refere que “a lei não é clara, porque muitos contratos de concessão de encerramento de lixeiras, não contemplaram a fase de monitorização”.

O director técnico da EGF, Artur Cabeças, explica que algumas autarquias têm solicitado este tipo de serviço à subholding da Águas de Portugal para os resíduos, em virtude da sua falta de conhecimento sobre a matéria. No entanto sublinha que esta responsabilidade cabe inteiramente aos municípios. Mas Fernando Campos, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, aponta o dedo ao ministério do Ambiente, que deveria “assegurar essa monitorização”. O jornal Água&Ambiente tentou obter mais informação sobre esta situação junto da Agência Portuguesa para o Ambiente, mas esta não se mostrou disponível.

Com um provérbio me despeço – “Na casa onde falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão”.

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS

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sexta-feira, março 07, 2008

RECICLAGEM DE FRALDAS

Caros leitores. Antes de mais queiram aceitar desde já o meu pedido de desculpas pelas falhas que tem havido, da minha parte, na publicação Fonte Verde. A dissertação de mestrado já está entregue pelo que prometo não voltar a falhar com a publicação quinzenal deste espaço.
Esta semana falo-vos de uma noticia da Agência Lusa, sobre um estudo de viabilidade financeira, que está a ser efectuado pelo Governo, de um sistema nacional de reciclagem de fraldas descartáveis, já que toneladas destes resíduos são todos os dias depositadas em aterros, onde podem resistir 500 anos, ou queimadas em incineradoras. Os últimos estudos internacionais sobre as fraldas indicam que cada bebé usa cerca de cinco mil fraldas nos primeiros dois ou três anos, o que corresponde a cerca de uma tonelada de resíduos. A sua colocação em aterro é um problema ambiental que vários países têm evitado, recorrendo à instalação de centros de reciclagem que recolhe as fraldas e recicla o plástico e pasta de papel que as compõem.

"Em Portugal não há nenhuma unidade de reciclagem" de fraldas, lamenta Rui Brekemeier, da Quercus, porque não se faz a separação destes resíduos do restante lixo orgânico e o "ambiente é muito lesado por este tipo de produtos", afirma. "Na Holanda, por exemplo, reciclam-se as fraldas separando a parte impermeável, em plástico, da celulose, mas há sempre uma grande parte destes resíduos que não é recuperada", observa o dirigente da Quercus.
Há já uma empresa interessada no negócio, que desde há dois anos aguarda regulamentação e autorização parta instalar três unidades de reciclagem, um negócio que promoveu recentemente em Espanha. Por definir está a forma como poderão ser recolhidas as fraldas, se colocando ecopontos em locais específicos (como creches ou maternidades) ou fazendo a recolha porta-a-porta. Aura Carvalho, da Tecnoexpor, empresa que está a tentar trazer a tecnologia para Portugal, explica que as fraldas descartáveis têm um baixo valor calórico para incineração e que a sua tecnologia pode retirar por completo as fraldas descartáveis dos aterros. A tecnologia, desenvolvida pela empresa Knowaste, mas divulgada pela Tecnoexpor, desinfecta e separa todos os componentes das fraldas – a pasta de papel, o plástico – e transforma-os em produtos reciclados, como telhas, solas de sapatos ou papel de parede.

Para terminar, permitam-me que realce dois pontos: (i) quero felicitar o meu colega e amigo Tiago Gaio, por ter começado a escrever neste jornal, com um espaço sobre Energia. Para além disso felicitá-lo ainda pela organização do Workshop sobre Energias Renováveis que decorreu no NERPOR, na passada terça-feira, dia 4 de Março. Numa terra onde se fala muito da falta de participação, foi possível ver o auditório completamente cheio, com mais de 150 pessoas. (ii) quero ainda prestar uma singela homenagem aos médicos do Hospital Curry Cabral que salvaram a vida da Cláudia (uma amiga minha). Referidos nos últimos tempos na imprensa, relativamente aos elevados ordenados que auferem, pergunto-vos quanto vale uma vida? Quanto vale a vida de um amigo? Pois é, não tem preço…Cláudia, bem-vinda!
SAUDAÇÕES AMBIENTAIS