sexta-feira, julho 24, 2009

ESTRATÉGIA CLIMÁTICA

Conhecer melhor o que vai acontecer no país é um dos pontos centrais da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, divulgada pelo Ministério do Ambiente, no passado dia 17 de Julho e que estará em discussão até 4 de Setembro.

A estratégia prevê a revisão dos resultados do projecto SIAM (o qual já foi abordado em artigos anteriores), no qual cientistas de diferentes instituições nacionais avaliaram o que acontecerá em Portugal num clima diferente. Os cenários até agora avaliados apontam para um aumento significativo da temperatura média em todo o país, até ao fim deste século. Com isso, poderá haver mais ondas de calor e maior risco de incêndios. A estratégia divulgada pretende adaptar melhor o país a um futuro mais quente. Quanto à precipitação, as incertezas são maiores, apontando os resultados para menos chuva, em especial no Sul de Portugal continental.
Os quatro objectivos principais da estratégia são:
· Informação e conhecimento – Conhecer, identificar e antecipar as vulnerabilidades e os impactes decorrentes das alterações climáticas nos vários sectores, e metodologias para a identificação de medidas de adaptação, análise da sua viabilidade e avaliação de custos e benefícios;
· Reduzir a vulnerabilidade e aumentar a capacidade de resposta – Identificar medidas; definir prioridades; implementar acções que reduzam a vulnerabilidade dos vários sectores às alterações do clima mais prováveis e mais preocupantes; e implementar acções com vista a aumentar a eficiência de resposta a impactes que decorram das alterações climáticas, em particular de fenómenos meteorológicos extremos;
· Participar, sensibilizar e divulgar – Suscitar um elevado grau de envolvimento e participação do público na definição e implementação da estratégia. Dar a conhecer aos cidadãos, empresas e demais agentes sociais os principais impactes esperados, assim como disseminar boas práticas sectoriais de adaptação;
· Cooperar a nível internacional – Acompanhar as negociações internacionais sobre adaptação às Alterações Climáticas e apoiar a implementação de acções de adaptação nos países mais vulneráveis, em particular no quadro da CPLP.

Humberto Rosa, secretário de estado do Ambiente referiu, há cerca de um ano, que é preciso “ver os pontos de partida, as medidas que temos para a seca ou erosão costeira e perceber se são suficientes. Depois, integrar a adaptação nas políticas sectoriais”. Referiu ainda que Água, Turismo e Biodiversidade são alguns dos temas prioritários a incluir no documento, que tem de percorrer os diferentes níveis da sociedade e deve ser participativo. Disponibilizar o documento a meados de Julho, durando a consulta até início de Setembro, não me aparece ser um bom convite à participação, a não ser claro que se escolha a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas para leitura de praia…

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS

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sexta-feira, julho 10, 2009

RECICLAGEM DE ÁGUA

Enquanto folheava a edição dos meses de Maio/Junho da revista “Tecnologias de Ambiente” deparei-me com um fantástico projecto de reciclagem de água, sobre o qual vos falo neste artigo.
Nos Estados Unidos está em funcionamento um sistema de recarga artificial, o maior do mundo, que permite a reciclagem de água proveniente de tratamento de águas residuais, a sua introdução em aquíferos e posterior utilização como água para consumo humano. Esta instalação de reciclagem de água da Orange County Water District (a sudoeste de Los Angeles - Califórnia), que custou 487 milhões de dólares e ocupa uma área de cerca de 8 hectares, é apresentada como uma solução comprovada para as regiões do mundo que lutam com dificuldade de água. O planeamento do projecto denominado “The Groundwater Replenishment (GWR) System” foi iniciado em 1994. Foram necessários mais de dez anos e cerca de 1200 reuniões públicas para convencer a população local a aceitar este sistema de reciclagem de água.

Nas instalações são tratados diariamente 378 milhões de litros de água residual que servem meio milhão de habitantes. Metade da água assim tratada é no entanto encaminhada na direcção da região costeira e injectada no subsolo, através de furos, com a finalidade de formar uma barreira hidráulica para impedir a intrusão de água salina nos aquíferos. A outra metade não é introduzida directamente no sistema de abastecimento de água mas primeiro injectada num lago artificial a cerca de 20 quilómetros a norte das instalações, onde se mistura com as águas e percola no aquífero, de onde então é bombeada para a rede de abastecimento público. Esta fase intermediária da introdução no aquífero antes da sua utilização pelos consumidores, nada tem a ver com o grau de potabilidade da água. A água poderia ser injectada directamente para o sistema de abastecimento público depois do seu tratamento nas instalações, mas isso não se faz, precisamente para satisfazer os consumidores mais sensíveis.

A construção de instalações de reciclagem similares falhou em outras cidades americanas como San Diego ou Los Angeles, devido à resistência da população. Por isso, para camuflar um pouco a origem desta água reciclada, os responsáveis preferem chamá-la de “Sistema de Reabastecimento de Água Subterrânea”. No entanto, tudo leva a crer que outros estados e cidades norte-americanas sigam este exemplo. A Agência de Protecção Ambiental Americana estima que, em 2013, 36 dos estados federais verão as suas reservas parcialmente esgotadas.

Embora não existam estudos a longo prazo sobre os efeitos deste tipo de água reciclada na saúde admite-se, segundo os actuais acontecimentos, que a água é inócua. A maior dificuldade é vencer as resistências da população, que facilmente serão ultrapassadas quando a sede apertar e não houver água suficiente.

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS

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