sexta-feira, dezembro 12, 2008

GREVE NO LIXO

A recolha de lixo na cidade de Lisboa esteve paralisada durante quatro dias, devido à greve dos trabalhadores da higiene urbana do município. Com uma adesão a rondar os 90%, apenas os serviços mínimos foram garantidos. Esta paralisação foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e abrangeu entre 2.000 a 2.500 trabalhadores do Departamento de Higiene Urbana e Resíduos Sólidos da Câmara Municipal de Lisboa (CML), incluindo cantoneiros, motoristas e pessoal administrativo e técnico.
O protesto destes trabalhadores municipais visa contestar a alegada intenção de privatizar os serviços de recolha de lixo e limpeza das ruas em algumas zonas, e ainda reclamar a contratação de 200 cantoneiros e a aquisição ou reparação de meios materiais e equipamentos. Em comunicado conjunto afirmam que a autarquia lisboeta "se prepara para concessionar a privados parte das obrigações que detém no que concerne à limpeza e lavagem da cidade", nomeadamente na Baixa-Chiado e em Santa Maria dos Olivais, um cenário que repudiam.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da CML, António Costa, reiterou que a greve dos trabalhadores é "extemporânea" porque, segundo garantiu, não está em causa a privatização dos serviços, referindo que "O serviço público de limpeza deve manter-se na CML". Assegurou que apenas foi encomendado um estudo sobre a viabilidade de, durante um determinado período de tempo, se adjudicar a limpeza e varredura das ruas da cidade a uma entidade externa, sem abranger a recolha de lixo. António Costa salientou ainda o esforço de investimento que a Câmara Municipal tem feito na área da higiene urbana, nomeadamente com a aquisição de equipamentos e abrindo um concurso para admitir 50 cantoneiros. "Mas temos um plano hiper-restritivo ao nível das contratações", explicou o autarca socialista para justificar a necessidade de parte do serviço de limpeza poder vir a ser assegurado por uma entidade externa. A Câmara de Lisboa apelou aos lisboetas que acondicionassem o lixo e evitassem colocá-lo nos contentores enquanto durasse a greve, apelo que não foi atendido pelos munícipes. O edil já rejeitou que seja intenção do município "alienar meios, privatizar serviços ou dispensar trabalhadores", considerando que os funcionários municipais "estão a ver fantasmas onde eles não existem de todo". António Costa garantiu que informou o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa e os próprios trabalhadores das suas intenções e que não tomará nenhuma decisão sobre esta matéria sem se reunir antes com o sindicato.
Em declarações à Lusa, o sindicalista Joaquim Jorge disse que o sindicato "está sempre disponível para reunir-se com o presidente da Câmara de Lisboa", afirmando aguardar um aviso nesse sentido de António Costa. "Entregámos o pré-aviso de greve há três semanas e esperávamos não chegar à paralisação", mas nunca houve qualquer reunião com o autarca, afirmou o dirigente sindical. Sobre a intenção da autarquia, Joaquim Jorge afirmou que "os trabalhadores estão dispostos a lutar antes que o negócio esteja concluído". O sindicato lamentou os incómodos que a greve possa causar à população, mas responsabilizou a gestão de António Costa por isso.

Por força das políticas do Estado, as autarquias são obrigadas a privatizar cada vez mais os serviços da sua competência, pelo facto de estarem impedidas de contratar mais pessoal. Contudo, esta privatização tem, na minha opinião, dois grandes contras: 1 – os munícipes vão pagar tarifas cada vez mais altas, para que a autarquia consiga suportar as despesas associadas à contratação externa de serviços; 2 – os trabalhadores da autarquia sentir-se-ão desmotivados por serem obrigados a alterar as suas habituais funções e os contratados a termo não vêem os seus contratos renovados, levando assim a um aumento nas taxas de desemprego.
Por tudo isto e muito mais, não se vislumbra o dia em que vamos poder desapertar o cinto, já demasiado apertado.

Finalmente aproveito para lhe desejar um santo natal e um próspero ano novo, na companhia daqueles que mais gosta. Eu volto em 2009 com mais…

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS

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