segunda-feira, setembro 03, 2007

ECO-TERRORISMO

Depois de um interregno para férias, a Fonte Verde está de volta com mais “assuntos verdes” para os habituais leitores. À semelhança de todo o Verão, o mês de Agosto foi bastante atípico, com chuva, vento, algum sol e até granizo do tamanho de ovos…
Apesar de ser um mês tipicamente calmo, em termos ambientais foi bastante agitado, conforme se pôde constatar com a acção de destruição de um campo de milho transgénico.
Mais de 100 activistas com os rostos tapados por máscaras, do “Movimento Verde Eufémia” invadiram e destruíram o campo de milho transgénico na Herdade da Lameira, em Silves, alegando querer repor a ordem ecológica.
Os organismos geneticamente modificados (OGM) são organismos manipulados geneticamente, de modo a favorecer características desejáveis pelo homem. Possuem alterações em trecho(s) do genoma realizadas através da tecnologia do DNA recombinante ou Engenharia Genética.

Apesar de não ser a favor dos OGM, não podia deixar de mostrar a minha discordância pela forma utilizada pelo movimento para se manifestar. Tal como referiu Macário Correia, presidente da Grande Área Metropolitana do Algarve (AMAL), “O direito à manifestação não significa direito à destruição e ao vandalismo”.
Refira-se que o proprietário do terreno em causa, João Menezes, agricultor de 56 anos, tinha tudo legalizado, tendo a seara sido vistoriada pela Direcção-Geral de Protecção de Culturas do Ministério da Agricultura. Por mais esta razão, os activistas deveriam mostrar a sua indignação perante o governo, por exemplo, e não perante aqueles que ganham a vida com lealdade.
O engenheiro técnico responsável pela cultura de milho, Luís Grifo, referiu que Portugal “produz milho apenas para três meses por ano”, assegurando que no resto do ano o milho é importado e 90 por cento é transgénico.

Quanto a mim o acontecimento teve apenas um aspecto positivo: alertar para o problema dos OGM. No entanto condeno veementemente a forma utilizada para veicular a mensagem.
Nesta iniciativa vi alguns ex-colegas meus da faculdade, o que me deixou um pouco triste uma vez que não me identifico com as suas atitudes. Mostraram claramente qual a diferença entre um ambientalista e um Engenheiro do Ambiente. Realço mais uma vez que sou contra os OGM. Defendo a causa ambiental, mas para tal não é necessário agredir terceiros.
Espero que esta atitude de Eco-Terrorismo não se repita porque não abona nada a favor do ambiente, pelo contrário, envergonha os defensores da causa como eu.

SAUDAÇÕES AMBIENTAIS

1 comentário:

Sara SC disse...

Não poderia concordar mais contigo Luís.
Sempre desaprovei este tipo de atitudes! Acredito que apenas contribuem para descredibilizar aqueles que verdadeiramente trabalham nestas matérias fazendo com que a sociedade em geral encare as problemáticas ambientais como meros slogans de grupos activistas que se manifestam contra tudo mas sem propor alternativas viáveis!
Também tenho as minhas sérias dúvidas quanto à segurança alimentar dos OGM mas estando a plantação devidamente licenciada, o manifesto deveria ter sido direccionado às autoridades licenciadoras, nunca ao proprietário e muito menos violando o seu direito de propriedade. Recordo que tão válida é a opinião daqueles que se manifestam contra os OGMs, como daqueles que se manifestam a favor, já que não existem ainda testes que provem os tão receados malefícios destes alimentos.
Lutar pelo "direito ao ambiente" e neste caso à segurança alimentar sim, mas não ultrapassando os direitos dos outros!!