Decorreu na Albufeira do Caia, entre 18 e 21 de Agosto de 2005, a primeira edição do Freedom Festival, acontecimento baseado na realização de um espectáculo de quatro dias de música electrónica contínua. Organizado pelas editoras Crystal Matrix (Portugal) e Spun Records (EUA), o evento atraiu ao local cerca de 8 milhares de pessoas, tendo ocupado uma área de aproximadamente 100 ha, incluindo leito, ilhas e margens da albufeira. Os participantes acamparam no local, tendo muitos deles prolongado a sua estadia para além do festival. Um evento desta dimensão implica, inevitavelmente, impactes negativos para a natureza. Foi isso que aconteceu na Albufeira do Caia, onde as aves estiveram vários tempos sem aparecer, devido ao impacte sonoro do acontecimento. A primeira edição do festival foi licenciada pela Câmara Municipal de Elvas como um mero “acampamento ocasional” e o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional limitou-se a cobrar uma importância pela captação de água e a emitir, a posteriori, uma licença-tipo para a ocupação do domínio hídrico, válida para duas semanas após o acontecimento.
Não obstante a incompatibilidade entre os valores naturais existentes no local e um evento destas características, está anunciada pela organização uma segunda edição para os próximos dias 16 a 20 de Agosto. As associações CEAI, FAPAS, GEDA, LPN, Quercus e SPEA contestam a realização de um festival de música alternativa na Albufeira do Caia face aos impactos sobre o ambiente. Manifestando disponibilidade para colaborar na procura de um local alternativo, as associações signatárias consideram lamentável que a organização continue a insistir num local que deve ser usufruído de forma sustentável e exigem, da parte das entidades competentes, a defesa dos valores naturais em questão, inviabilizando futuras edições do festival.
Ao contrário do ano 2005, durante o período do festival, em 2006 o local acolhia mais de um milhar de aves de diversas espécies, destacando-se aquelas com um estatuto de conservação mais desfavorável, nomeadamente: Cegonha-preta (Ciconia nigra), Pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), Águia-pesqueira (Pandion haliaetus), Sisão (Tetrax tetrax), Chilreta (Sterna albifrons) e Tagaz (Sterna nilotica). Acresce que coincidiu com o início da época de caça, quando o local é procurado como refúgio pelas aves que nidificam na zona envolvente, daí resultando prejuízos óbvios. Desta forma a reedição do festival estará de novo em claro conflito com a legislação portuguesa, ao violar a Directiva Aves.
A somar à perturbação extrema causada pelo ruído e pela iluminação, o palco principal e diversas tendas foram instaladas numa das ilhas que vem sendo objecto de gestão de habitat tendo em vista a conservação de espécies de aves ameaçadas, acção da responsabilidade da SPEA - Sociedade para o Estudo das Aves e do PNSSM - Parque Natural da Serra de S. Mamede. Apesar de não se terem registado danos significativos na vegetação, o espaço ficou repleto de dejectos, o que impediu a realização de uma actividade de voluntariado agendada pela SPEA para o Outono de 2005. Além da eventual degradação da qualidade da água, o espaço utilizado e a área envolvente ficaram manchados por diversos tipos de resíduos, estacas semi-enterradas, buracos abertos e dezenas de placas de sinalização rodoviária com a marca da organização.
Os benefícios económicos para a região foram praticamente inexistentes, tendo-se traduzido apenas num efémero acréscimo de movimento nos transportes em táxi e nalguns estabelecimentos comerciais e de restauração.
È necessário que haja uma atenção especial para esta situação por parte das autoridades intervenientes e competentes. É preciso colocar todos os impactes na “balança” (positivos e negativos) e averiguar se o local escolhido é o mais adequado. Sem estar contra a realização de tal festival, não tenho dúvidas de que certamente haverá outros locais em que os impactes seriam inferiores. Veremos o que vai prevalecer…
SAUDAÇÕES AMBIENTAIS
Site recomendado – http://www.quercus.pt/ – ver o comunicado relacionado com o festival
Não obstante a incompatibilidade entre os valores naturais existentes no local e um evento destas características, está anunciada pela organização uma segunda edição para os próximos dias 16 a 20 de Agosto. As associações CEAI, FAPAS, GEDA, LPN, Quercus e SPEA contestam a realização de um festival de música alternativa na Albufeira do Caia face aos impactos sobre o ambiente. Manifestando disponibilidade para colaborar na procura de um local alternativo, as associações signatárias consideram lamentável que a organização continue a insistir num local que deve ser usufruído de forma sustentável e exigem, da parte das entidades competentes, a defesa dos valores naturais em questão, inviabilizando futuras edições do festival.
Ao contrário do ano 2005, durante o período do festival, em 2006 o local acolhia mais de um milhar de aves de diversas espécies, destacando-se aquelas com um estatuto de conservação mais desfavorável, nomeadamente: Cegonha-preta (Ciconia nigra), Pato-de-bico-vermelho (Netta rufina), Águia-pesqueira (Pandion haliaetus), Sisão (Tetrax tetrax), Chilreta (Sterna albifrons) e Tagaz (Sterna nilotica). Acresce que coincidiu com o início da época de caça, quando o local é procurado como refúgio pelas aves que nidificam na zona envolvente, daí resultando prejuízos óbvios. Desta forma a reedição do festival estará de novo em claro conflito com a legislação portuguesa, ao violar a Directiva Aves.
A somar à perturbação extrema causada pelo ruído e pela iluminação, o palco principal e diversas tendas foram instaladas numa das ilhas que vem sendo objecto de gestão de habitat tendo em vista a conservação de espécies de aves ameaçadas, acção da responsabilidade da SPEA - Sociedade para o Estudo das Aves e do PNSSM - Parque Natural da Serra de S. Mamede. Apesar de não se terem registado danos significativos na vegetação, o espaço ficou repleto de dejectos, o que impediu a realização de uma actividade de voluntariado agendada pela SPEA para o Outono de 2005. Além da eventual degradação da qualidade da água, o espaço utilizado e a área envolvente ficaram manchados por diversos tipos de resíduos, estacas semi-enterradas, buracos abertos e dezenas de placas de sinalização rodoviária com a marca da organização.
Os benefícios económicos para a região foram praticamente inexistentes, tendo-se traduzido apenas num efémero acréscimo de movimento nos transportes em táxi e nalguns estabelecimentos comerciais e de restauração.
È necessário que haja uma atenção especial para esta situação por parte das autoridades intervenientes e competentes. É preciso colocar todos os impactes na “balança” (positivos e negativos) e averiguar se o local escolhido é o mais adequado. Sem estar contra a realização de tal festival, não tenho dúvidas de que certamente haverá outros locais em que os impactes seriam inferiores. Veremos o que vai prevalecer…
SAUDAÇÕES AMBIENTAIS
Site recomendado – http://www.quercus.pt/ – ver o comunicado relacionado com o festival
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